domingo, 18 de outubro de 2015

TDAH: reflexões sobre as dicas de Barkley para os professores


Russell Barkley (2008) sugeriu várias dicas para o professor lidar com alunos com TDAH. São dicas que podem beneficiar todos os alunos, principalmente aqueles que têm dificuldade de concentração. Muitas crianças, mesmo aquelas que não têm o transtorno, se desinteressam das atividades propostas na sala de aula tradicional, que tem se mostrado impermeável ao desenvolvimento tecnológico e aos padrões de construção do conhecimento e comunicação das novas gerações.
A própria inteligência, acredito, vem sendo construída de outra forma, com a participação crescente dos estímulos virtuais. A sala de aula, desprovida das cores, sons, velocidade dos vídeos dos e games, exige dos alunos a percepção do mundo via rotas auditiva e visual monotônicas, monocromáticas, monótonas, desinteressantes…
Estas dicas combinam com o discurso atual que tenho ouvido em congressos e cursos sobre Educação Especial, que sugere que a escola regular seja reestruturada sob a perspectiva da diversidade - em oposição à ideia de incluir os diferentes ao grupo dominante dos normais.
Da mesma forma que um arquiteto planeja um prédio com rampa, sem saber um cadeirante algum dia entrará naquele espaço, o professor deve planejar uma aula acessível a todos, inclusive aos alunos com TDAH, com dificuldade de concentração, com DI, com DF.
Talvez a maior dificuldade de assimilar estas dicas integralmente (pelo menos é a minha maior dificuldade) esteja relacionada ao behaviorismo subjacente ao controle do comportamento sugerido. Prêmios e castigos concretos e imediatos.
Minha experiência com alunos com TDAH mostrou que isso realmente funciona, principalmente nas atividades mais tradicionais, como exercícios escritos e redações.
Mas a aquisição do conhecimento deveria ser um fim em si, não uma forma de ganhar um adesivo ou um lápis novo...
Como lidar com esta questão? Criar estratégias específicas para determinados alunos ou estender o sistema de premiação para todos os alunos?
Barkley disse em uma palestra: você tem medo de utilizar prêmios e castigos e, assim, transformar sua criança em um pequeno Donald Trump? Em alguém que só faz as coisas por interesse?
Ele conclui dizendo que a criança com TDAH já é assim, já age pensando na vantagem imediata que pode ter ao realizar determinada tarefa, uma vez que o transtorno compromete sua visão de futuro e sua motivação de longo prazo.

O que você acha??? O que fazer em sala de aula?



foto: http://img.wonkette.com/wp-content/uploads/2015/06/trumppic.jpg

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