quarta-feira, 23 de abril de 2014

Deficiência Múltipla e Surdocegueira

A deficiência múltipla (DMU) é caracterizada pelo comprometimento no desenvolvimento e na adaptação ao meio de um indivíduo com duas ou mais deficiências (intelectual, visual, auditiva, física).
A surdocegueira destaca-se da DMU, sendo normalmente considerada uma deficiência única. Para pessoas com esta condição, a dupla perda sensorial é mais do que a soma da deficiência visual com a deficiência auditiva, podendo causar problemas de aprendizagem, de conduta, de socialização.
Ela pode ser congênita ou adquirida, pré-linguística ou pós-linguística. A surdocegueira pré-linguística representa um dos maiores desafios para o educador, já que ela se estabelece antes que a criança adquira a linguagem e desenvolva uma base conceitual para construir uma compreensão de mundo.
A abordagem educacional para alunos com DMU sugerida pelo Comitê Estadual de Educação de Luisiana (2005) pode ser estendida para alunos com surdocegueira:

  • modelo de colaboração professor-aluno, tendo a comunicação como prioridade;
  • estabelecimento de rotinas claras (para favorecer organização do mundo);
  • planejamento de atividades multisensoriais e construção de um ambiente rico em estímulos;
  • respeito ao tempo de resposta do aluno, que pode ser lento; 
  • respeito à capacidade do sujeito de fazer escolhas: estímulo à sua autonomia e à máxima independência possível;
  • estabelecimento de parceria entre a escola, a família e os profissionais que trabalham com o aluno;
  • valorização das habilidades que o indivíduo possui.

Mc Innes (1999) apud Bosco (2010) destaca necessidades educacionais comuns a pessoas com DMU e surdocegueira:

  • trabalho com o esquema corporal: postura vertical, equilíbrio, autonomia em deslocamentos, coordenação viso motora, global e fina;
  • aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, verbal, gestual.

        Especialmente nos casos de surdocegueira, o processo de comunicação deve ser /priorizado pela escola. Em alguns casos será necessário um maior contato corporal entre professor e aluno para compensar a perda dos sentidos. Sinais sutis, como mudanças na tensão muscular, movimento os olhos, podem ser o ponto de partida da interlocução.
       Algumas das formas de comunicação utilizadas por surdocegos são o TADOMA, a língua de sinais tátil, o alfabeto manual.
Uma atividade pedagógica bastante rica, normalmente realizada com alunos surdocegos é a construção de calendários, que fazem o papel de agendas para organizar a rotina diária e permitir a antecipação de eventos. Estes calendários podem ser uma sequências de objetos ou pistas que remetam a acontecimentos.
Por fim, é importante destacar algumas ideias que devem permear a inclusão dos alunos com surdocegueira e DMU na escola regular: o respeito/ valorização das características individuais, a busca da maior autonomia possível e o estabelecimento de parcerias, não apenas entre família, escola e profissionais da saúde, mas uma parceria mais ampla, que pode ser construída na verdadeira socialização entre todos aqueles que frequentam a escola.




*Descrição da foto e post interessante sobre o uso de calendários em: Educar e Incluir.


** Referências bibliográficas:

BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010).

Folheto FACT 3 – COMMUNICATION / Primavera 2005 - Lousiana Department of Education 1.877.453.2721 State Board of Elementary and Secondary Education. Tradução: Vula Maria Ikonomidis. Revisão: Shirley Rodrigues Maia. Junho de 2008. 


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