domingo, 18 de agosto de 2013

Um zero e três posts sobre como é difícil ser aluno

Valorizo, cada vez mais, o professor que centra o processo escolar na aprendizagem mais do que no conteúdo. O conteúdo não pode ditar o ritmo de uma aula.

Tive, recentemente, um professor tipo livro. Esse, que me deu o zero do título. Ele ia, durante as aulas, recitando as páginas do livro texto, falando num ritmo frenético tudo o que estava ali. Ele enchia o quadro de gráficos numa velocidade, para mim, vertiginosa. Quando ele fazia um comentário, uma observação, era sempre tão interessante, às vezes até engraçado. Mas dava para ver ver que ele se controlava o tempo todo para não se afastar do livro.

Só participavam da aula dois alunos, que eram aqueles que tiravam dez. E o professor, em uma turma de mais de vinte, dava aula apenas para aqueles dois alunos. E, justamente aqueles dois alunos eram os que menos precisavam do professor.

Alguns nem copiavam nada do quadro, porque bastava abrir o livro para encontrar o conteúdo. Outros tiravam fotos do quadro e compartilhavam com os colegas. Eu copiava tudo, na esperança de fixar um detalhe aqui, outro ali.

Toda semana eu estudava em casa e chegava cedo para tirar dúvidas. Ele era educado, estava sempre disponível e me atendia. Mas eu não gostava de estar ali pelas razões que ali me levavam. Eu queria uma aula que eu pudesse acompanhar, entender, participar, discutir, aprender, enfim.

Eu não tinha me saído bem na primeira prova. Fiquei doente, perdi quatro aulas. Para compensar, tinha estudado muito para a segunda prova, feitos todos os exercícios. Essa matéria era a última que faltava para eu me formar, queria muito passar. Mas tirei zero na prova. Entreguei a prova em branco.

A prova estava realmente muito difícil. A média da turma foi 2,7. Comparando com o ensino fundamental, é como se eu ensinasse o algoritmo da subtração e cobrasse problemas com a ideia de falta. O professor comentou que a turma parecia perdida na prova, sem saber por onde começar a resolver as questões. A turma riu, achou a maior graça. Eu não ... eu senti muita raiva, confesso. No final da aula, tentei argumentar sobre a inadequação da avaliação aplicada, mas ele nem me ouviu... e a turma foi saindo de fininho da sala.

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