Sabe aquele seriado Hannibal- a origem do mal? Neste
seriado, um dos personagens principais é um psicólogo que consegue pensar como
um psicopata e, assim, sempre auxilia a polícia a desvendar os crimes. A
identificação do psicólogo com os psicopatas é tão completa que as cenas
retratam Will Graham todo sujo de sangue, repetindo os movimentos do assassino na
cena do crime, revivendo seus passos.
Sempre achei que, para um professor ensinar, tem que
conseguir enxergar o seu aluno. Para
entender sua forma de pensar, compreender suas dificuldades.
Sempre tentei
me identificar com meus alunos. A experiência como aluna do curso de
Física tem me ajudado muito. Sei o que é se apavorar diante de uma prova,
entregar a folha em branco e se sentir burra. Sei o que é ser ensinada de uma
forma e cobrada de outra: o professor ensina algoritmo e cobra problemas. Sei como é ruim se sentir excluída e não poder participar de uma aula.
Ontem eu estava explicando a Tábata, uma
aluna de 13 anos, o algoritmo da divisão. Essa menina que está no quinto ano,
tem laudo de dislexia, TDAH e apresenta muita dificuldade de aprendizagem.
Passei uma conta e expliquei, passei outra e fizemos juntas. A terceira conta, pedi que fizesse sozinha.
Era uma conta bem simples. E, enquanto esperava Tábata fazer a conta,
tive um momento de pânico: de repente eu não sabia resolver aquela conta! 30 vezes 9 é
menor que 273, mas tinha que ser menor, ou maior? Maior e menor pareceram uma
diferença sonora apenas. Peguei a calculadora e achei logo o resultado.
Respirei fundo. O pânico tinha passado, já sabia resolver novamente aquela conta.
Acho que, sem querer, de tanto tentar compreender a minha aluna, acabei, por alguns segundos, pensando como ela. Consegui, desta forma estranha, entender totalmente por que uma coisa tão fácil pode ser tão difícil. Consegui
enxergar com os olhos de Tábata. E agora tenho certeza que saberei ensinar
Tábata a fazer contas de dividir.
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